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Revivendo!


“....não estou triste, estou apenas cansada...” Existem frases que são capazes de mexer com o nosso eu mais obscuro. Passam-se anos escondendo, negando, articulando um sentimento, uma emoção, uma dor. Mas até onde é verdadeira a afirmação acima? Já parou para analisar quando fala esta frase?
Cobra-se que as pessoas sejam sempre felizes, bonitas e sadias. O feio, a morte, o sofrimento são todos escondidos com lentes cor de rosa. O cansaço, ah, esse pode existir, pois é filho do trabalho, árduo, constante, esse tem valor, espaço conquistado, direito adquirido. Afinal, é ele quem promove o sucesso, o bem estar financeiro, a garantia de fartura. Bom, esse tem razão e direito de existir, mesmo que escravize, isso é apenas detalhe. E a ira, aonde é autorizada? Não, definitivamente não! Quer ter amor? Então a ira não pode ser vista, esconda-a de si mesmo, que o consuma por dentro, mas nunca, nunca mesmo deixa ser vista. Loucura, insanidade ou lucidez, o que você procura? Quem quer enganar? Acha-se mesmo capaz? Quantos anos se suportam viver sobre a ótica de lentes cor de rosa?
Mas quebrar uma visão pode ser perigoso, como pousar os olhos, como lançar novo horizonte? Há o medo que paralisa. O chão que teima em faltar. Movimento, que altera a realidade, esse cisma em não acontecer. Para onde vai aquele que apenas usufrui a vida, que caminho percorrem? E aqueles que não se preocupam com os arrebatamentos do outro, que frutos alcançam?
Dor, sofrimento, medo, consomem, matam, destroem. Fênix, suas cinzas são sua vida refeita, costurada, emendada, que diferença faz, o que se faz necessário é apenas o desejo de tê-la restaurado, reescrito e reinventado. Vida, olhar, loucura, tudo se mistura, tudo é real, mas a matéria de que é feito pode ser utilizada para preparar novo banquete. Pensamento em movimento. Cinética do pensamento, luz. Então pare! Pare sua vida, pare seu momento, sinta, olhe. Entretanto sinta, permita-se sentir, seja o que for, apenas sinta. Não só olhe, veja. Se não gostar, troque, altere, mude. Coragem, força, todos somos capazes de fazer algo por nós mesmo. Jamais se abandone.

Comentários

Anônimo disse…
Quantas indagações... Todas agudas ao fim das contas... "Entretanto sinta, permita-se sentir, seja o que for, apenas sinta. Não só olhe, veja." Uma tenacidade extremamente construtiva, eu não me canso de admirar o que você escreve por aqui, o modo como você transfere seus conhecimentos na comunhão com as profundezas dos seres. Lembrei do De Profundis da Clarice!
Élis Bruxa disse…
AH MINHA LINDA E BELA MENINA! Como você é generosa comigo! Entretanto, confesso, adoro suas críticas, pois bem sei o quanto é uma leitora voraz. Muitíssimo agradeço a sua existência em minha vida. você é um presente dos Deuses!

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