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Passei em frente a minha antiga casa.

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Que tem as portas bem altas;

E ela está, triste, muito triste;
Arrancaram até a varanda dela;
Assim, sem mais e sem menos;
Eu não a abandonei.
Muito ao contrário.
O proprietário exigiu que eu saísse;
E depois a deixou lá:
Só e sem carinho;
Tudo que deixei lá, lá está;
Após estes oito anos de solidão;
Ela perdeu a varanda;
Perdeu é eufemismo;

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E a porta está lá;
Como sempre, tão majestosa;
Ela se abre ao meio;
Uma banda para lá e outra para cá;
Acima, tem um vidro, feito um pedaço de janela.
Partido em três vidraças;
Ou seriam duas?

Assim, com a visão da porta;
Fui caminhando em direção ao meu destino;
E buscando com os olhos e com o coração;
Casas que ostentassem tal realeza;
Nesta época, raridade;
Mas persisti e segui avante;

Heis que a vejo;
Inesperadamente;
Foi quase um choque;
Lá estava ela;
Agora estou até meio confusa;
Melhor seria dizer, lá estava ele:
O Rei da Rainha;

Um azul
A outra rosa;
Mas da mesma realeza;
Iguais;

Entretanto, o rei teve mais sorte;
Hoje é uma creche.
Crianças sorriem por ali;
Choram também;
E preservam sua varanda;
E sustentam sua vida;

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Quem projetou?
Quem construiu?
Quem?
Uma alma grandiosa;
Sim, só uma alma grandiosa;
Pode construir tanta formosura
Tanta beleza;
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Duas casas;
Duas vidas;
dois destinos
E um só criador;

Creche Bem-te-vi (0 graus)

-- 

 
"Não arriscar nada é arriscar tudo". 
                                    Al Gore

"Só os caminhos invisíveis do amor libertam os homens"
                                                            Saint-Excupery

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