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Uberização do trabalho: subsunção real da viração




ABILIO, Ludmila C.. Uberização do trabalho: subsunção real da viração.

Terceirizações entre salões de beleza e aplicativos

 Abílio descreve a sanção da lei “Salão parceiro – profissional parceiro”. Esta lei aprovada em outubro de 2016 desobriga o vínculo empregatício dos profissionais que atuam na área da beleza e estes estabelecimentos tornam-se responsáveis apenas pela infraestrutura, de tal forma que só os funcionários que são da parte estrutural e administrativa mantêm o vínculo empregatício. Levanta a questão dos profissionais da área como parceiros e assim sendo, como profissionais desassistidos. Questiono: havia anterior a esta lei proteção para estes profissionais? Ou esta lei veio normatizar uma forma de parceria já existente? O que de fato mudou para estes profissionais?
A autora afirma que esta lei atua em um segmento de um trabalho tipicamente feminino e invisível socialmente, será assim mesmo? Tenho opinião divergente, visto que atuei por vinte anos nessa área e não tenho essa percepção. Prosseguindo, Abílio diz que essa lei foi vista como perfumaria e abriu caminho para a uberização do trabalho, que é uma nova forma de exploração do trabalho. Diante destas afirmações me vi perplexa, pois me sinto muito mais explorada como farmacêutica registrada do que como cabeleireira, esteticista parceira. Em minha opinião explorar a força do trabalho não necessita de uma lei, pois há leis que favorecem essa mesma exploração. 
A preocupação da autora é válida, entretanto, não podemos esquecer as grandes manobras que são feitas para manter a força do trabalho escravizada, onde muitas vezes ser nano empresário de si promova mais possibilidades do que aquelas que são ofertadas através de “garantias” do vínculo empregatício. A teoria é muito linda quando não estamos reféns do sistema capitalista. É muito fácil enxergar as possibilidades de subsunção do setor terceirizado e manter os olhos fechados para a mesma exploração diante aqueles que estão registrados em grandes empresas, empresas estas que tudo fazem para aprisionar seus “colaboradores”. Onde o termo colaborador me soa muito mais pejorativo do que parceria.
A autora diz que as empresas aplicativos são perniciosas. Sim, podem ser, mas destaco, na minha experiência e visão que as empresas aplicativos são tão perniciosas quanto as grandes empresas, cada qual extraindo ao máximo da força tarefa de cada ser, da melhor forma que cada uma dispõe. No sistema capitalista selvagem sempre há formas até mais agressivas de explorar, visto que estas explorações são protegidas por leis, por exemplo, cito os conselhos profissionais, que mais extorquem do que protegem. Onde o profissional que tem conselho não pode atuar sem tal registro. E este fica refém do que o conselho quer.
Os argumentos e o texto da autora são importantes, embora eu sinta que há necessidade de um olhar mais profundo, onde a causa do amadorismo do trabalho seja revisitada e analisada em um contexto histórico e global.  Não há como negar a força política deste país que nunca apresentou um governo que de fato trouxesse condições de reflexão e capacidade de auto liderança e gestão profissional. Nosso povo é um povo refém de um poder maior. Um povo facilmente manipulado, onde até mesmo pessoas mais esclarecidas se deixam vender por uma ilusão política, que se agarram às ilusões de um partido que se diz do povo e para o povo. Não há e nem nunca houve de fato um partido do povo para o povo. A ganância pelo poder cega e nos últimos trinta e três anos, só vi políticos interessados apenas no poder. Um poder que enriquece os próprios bolsos em detrimento da vida do povo.

O perfil do trabalhador e o consumidor vigilante

Aceitar a tarefa oferecida e gerenciar a própria produtividade, onde quem avalia é a multidão de consumidores. Em uma situação onde trabalhadores e consumidores interagem entre si através de uma atividade material e tangível que mantem um controle virtual que repercute na prática. Assim sendo, esta relação forma o perfil do trabalhador por conta própria, que assume riscos, custos e organiza a própria jornada, com dedicação ao trabalho e às estratégias, que estão sobre sua responsabilidade, diz a autora. Embora eu acredite que em um país onde a Educação e a Saúde são favorecidas há sim formação humana que habilita cada ser para que este tenha a capacidade do gerenciamento da própria produtividade, que sabe se organizar e criar uma jornada responsável e digna. E que estas qualidades deveriam ser oportunizadas para todos. Vejo esses tributos como capacidade de auto liderança. Ser líder de si mesmo proporciona liberdade de expressão. Entretanto, nossos governantes ainda não foram capazes de favorecer de fato a Educação e a Saúde. Assim sendo, é fato, o trabalhador atual não tem capacidade de auto liderança, portanto, permanece refém de um país liderado por políticos que só visam o próprio bem.

Flexibilização do trabalho

A flexibilização do trabalho é uma tendência mundial que deixa sua marca de exploração e descaso com a vida humana em favor do capital. A questão é como resolver isso? Onde é possível iniciar essa transformação?

Viração

            O trabalho é instável, sem identidade definida, que transita suas atividades através de bicos indefinidos, diz Abilio.  Assim, podemos concluir que há um colapso na existência humana, tanto local quanto global. Tanto na parceria quanto na colaboração das empresas capitalistas. Fatos que se expandem e desvalorizam a vida no sistema socialista, comunista e democrático do planeta terra.
            O mundo está perdendo sua humanidade?



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