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*Como no encontro entre o carteiro e o poeta Neruda no filme homônimo (1994),
dirigido por Michael Radford, quando o carteiro Troisi ouve, encantado, uma poesia dedicada ao mar e diz a Neruda que parecia ser
“Como um barco açoitado pelas palavras”.
O poeta olha-o surpreso e lhe diz:
“Mas você sabe o que você fez? Fez uma metáfora”,
O carteiro fica constrangido e justifica-se dizendo:
“Não vale porque não queria fazer.”
Neruda responde:
“Querer não é importante porque as imagens nascem casuais.”
E Troisi:
“Então, o mundo inteiro, o mar, com o céu, com a chuva, as nuvens...também podem ser consideradas metáforas de alguma coisa”, da existência, talvez.
O poeta reflete um momento e depois diz:
“Vou pensar nisso. Amanhã eu respondo essa pergunta”.
Também diante dos pensamentos e das metáforas visuais das crianças não é bom responder logo.
É preciso pensar.
* Universidade de Florença, Secretário Nacional dos CEMEA italianos (Centros de Exercitação
dos Métodos da Educação Ativa), Itália. gstaccioli@unifi.it
Tradução: Regina Célia da Silva. Revisão técnica: Marcia Gobbi
Pro-Posições, Campinas, v. 22, n. 2 (65), p. 21-37, maio/ago. 2011
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