Sim, a gente cala e quando a gente cala
a gente promove a injustiça.
Mas
também não é fácil falar, tomar uma atitude e assumir uma posição.
Somos filhos
da ditadura e temos medos.
Fomos treinados a calar.
No cotidiano eu falo, eu
grito e tomo partido dos fracos e oprimidos.
E no meio da multidão, fico só,
mas não me intimido, avanço feito leoa.
Na vida política não sei agir, tenho
muito medo e me calo.
Nunca tive uma orientação que me validasse nessa luta.
Eu
não sei dizer quais são as leis e quais são as formas de lutar.
Mas, quando eu
vejo um menino sendo roubado e vou lá e enfrento, de alguma forma, estou
colaborando para que o mundo seja menos violento.
Quando vejo uma senhora
agredir exageradamente uma criança e entro na frente para apaziguar e sou
agredida, também é o meu jeito de participar na construção de um mundo melhor.
Ou vou lá conversar para que os trabalhadores tenham melhor condições, é o meu
jeito simplório de pedir justiça.
Mas, no fim, fico só, todos estão vendo o
menino sendo roubado, mas são muito poucos que tem coragem de ir lá e defender
esse menino.
A maioria das pessoas fingem que não estão vendo.
Quando dentro de
um ônibus lotado a agressora transfere a raiva dela da criança para mim, não há
ninguém capaz de falar ou fazer algo para pacificar a situação.
E quando você
vai aos grandes chefes pedir clemência para os trabalhadores, você vira piada
dentro da empresa.
Os oprimidos zombam por você ter ido em defesa de todos.
Porque é muito desafiante sair do nosso mundo particular e olhar para o outro,
acolher o outro, ter a sensibilidade de ver que o outro está sofrendo e que um
sorriso talvez contribua para que esta pessoa veja o mundo com menos dor.
Somos
muito egoístas, só queremos que nos acolham e o resto é o resto.
E não podemos
nos culpar.
A culpa só serve para nos manter cativos e presos, acorrentados por
uma força muito maior, que governa nossas mentes, nossos desejos, nossas
atitudes.
Ainda somos marionetes nas mãos de alguns pouquíssimos Poderosos que
controlam o mundo.
Porém, devemos insistir para abrirmos os olhos e para que
tenhamos coragem de dizer NÃO para esse poder que só quer se beneficiar do
sangue da população.
Eu não entendo de lei, mas se a Presidente foi mandada
embora, é justo e deveria ser correto que o vice fosse junto.
Como pode o vice
ser redimido e ainda ser premiado dentro de uma situação dessas?
E qual é o
objetivo desse senhor?
A quem ele deve obrigação?
E como um povo adormecido e
hipnotizado com as músicas do carnaval e com os apitos do jogo do fim se semana
pode resolver isso?
Quem vai olhar para
a massa miúda pisoteando lá embaixo? Quem? Como?
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