Não nasci para ser escritora. Nasci para ser audaciosa e corajosa. Não que para isto haja necessidade de grandes atitudes. Coragem para ser eu mesma ou simplesmente falar com quem admiro. Neste ponto, sou autora de grandes covardias. Sabia que jamais falo com escritores? Devido à esta fraqueza, perdi duas ricas oportunidades. A primeira faz tanto tempo que sou capaz de classificá-la como de outra vida. Claro que há tantas outras vidas inseridas em meu histórico. Óbvio, pois não sou gente, nem bicho, sou bruxa. Como tal, tenho mais de trezentos anos. Que é pouco, pois meu passe é de quinhentos anos.Como ia dizendo, tentei falar com uma jovem escritora. Havia lido seu livro e encantado com sua audácia. Soube que ela estava em minha cidade, em uma festa, para autografar seus livros. Fiquei andando em círculos, durante o dia e a noite toda. E não encontrei coragem para falar com a autora. Perdi, fiquei com os pés cansados e voltei para casa desapontada comigo mesmo.O fracasso foi tão intenso que passei tantas outras vidas sem ao menos tentar conversar com qualquer outro escritor. Lia, mas não falava com escritores. Quando aqui cheguei, achei a Terra muito densa. Acostumada ao éter, aqui não era capaz de flutuar. Com o tempo criei um jeito de fugir das dificuldades de ser terráquea. Voei para o mundo da imaginação e deletei a vivência do corpo denso.. Ao negar o corpo, este criou couraças. Arquivou os sentimentos em grossas camadas protetoras. Comprometeu partes essenciais para uma verdadeira existência. Até os óculos receberam um belíssimo par de lentes cor de rosa.
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